quarta-feira, abril 05, 2006

reprodução



O Joaquim tem uma namorada, a Alberta, que mora bem longe. Namoram há 9 anos numa prática de namoro telefónico, daquele género que só permite encontros de mês a mês, ou ainda pior, de três em três meses. De qualquer forma são namorados, pelo menos é o que o Joaquim diz a toda a gente.
Partilham os dois, claro está, o genoma humano, ou seja, têm em sí as instruções de montagem que permitem a reprodução.
O grande problema dele, para além da distância da namorada, é o facto de a sua Alberta ter tentado um emprego longe. Mas quando digo longe não é com exagero, porque a rapariga concorreu a uma proposta de emprego na Madeira, o que a colocaria ainda mais longe do Joaquim.Foi uma atitude "muito à frente" da Alberta, não se cansava de dizer o Joaquim.
"Era tão à frente" que ele não perdoou; alinhavou-se nele a ideia de que nunca mais poderia construir um futuro sólido, um daqueles futuros de comprar casa, juntar os trapinhos e ver no que dá a vida em conjunto; talvez mesmo iniciar o processo de montagem de pequenos Joaquinzinhos num desses bairros viveiros ao redor da capital; os Humanos têm sido criados em cativeiro nas mais diversas condições, desde viveiros de 1,5 m X 2 m X 1,5 m, até viveiros com 5 a 6 m de comprimento nesses bairros periféricos, portanto nada havia de mais nos planos do Joaquim, nessa sua visão da vida em bando.
O Joaquim, que antes se via como construtor universal de Joaquinzinhos com a sua Alberta, não hesitou. Logo que soube do propósito da namorada de ir trabalhar para a ilha, acabou tudo com ela, "na hora!", "com toda a certeza do que estava a fazer!". Porque tal pretensão da Alberta só poderia significar que ela não pensava nos mesmos termos que ele; "ela era muito à frente", não tinha como objectivo comprar casa ou juntar as heranças genéticas. O Joaquim andou uns dias com a firme convicção de que tinha acabado tudo com a Alberta, apesar de ela lhe ligar todos os dias; a tentar amainá-lo, a tentar explicar-lhe que a vida é difícil, que tinha de ir senão nunca mais arranjava emprego de jeito, que ele não estava a perceber a situação dela...enfim, que eram nove anos de namoro!
Por fim, os argumentos dela algum efeito tiveram no Joaquim, porque a Alberta passou de novo a namorada, mas houve nele um inferno que nunca se resolveu com toda esta ideia do Funchal. Ela nunca chegou a ir trabalhar para a Madeira, mas o Joaquim não se cansa de dizer que tem de mudar de rumo, que ela é gorda e tem mau feitio, que só está à espera de arranjar outra, com melhores cromossomas, para a largar, mas o que mais irrita o Joaquim é que "ela é muito à frente"...

A vida é um conceito multifacetado. Pode referir-se ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço de tempo entre o nascimento e a morte dum organismo; à condição de uma entidade que nasceu e ainda não morreu; é aquilo que faz com que um ser vivo esteja… vivo. Metafisicamente, a vida é um processo constante de relacionamentos.
O construtor universal pode construir qualquer máquina, tendo o genoma apropriado (instruções de montagem ); ou seja, tendo a sua descrição, ele é capaz de construir uma cópia de si mesmo (auto–replicação). Para que os descendentes também possam realizar a auto-replicação, é necessário que estes copiem também as suas instruções de montagem.
(in wikipedia)
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A vida sempre foi tema muito mal explicado. Fecho os olhos e vejo, porque sou feito de teias complexas.Mas quais os segredos deste deste brilho, cristal,do SER?Mas e como vai ser ?E quando não houver luz?O que vou ser? Desenhos? Fotos? Movimentos? Poemas simples? Ou tempo?