sexta-feira, junho 09, 2006

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O Oliveira chega a casa bem tarde para não ter de ver a família. E saí de manhã cedinho para estar a horas no trabalho.

Sabe, de uma forma ou de outra, que a terra gira em movimentos de rotação sobre sí mesma. Também sabe, de uma forma ou de outra, que ela gira, estilo bola, rodando o sol.


"As coisas são o que são...", resigna-se o Oliveira, que logo de manhã cedinho está a postos no seu emprego. Afinal... também o Oliveira gira, também ele tem um movimento constante, diário. Uma sina giratória; aquele girar diário, de casa para o trabalho, bem cedinho, e à noite de volta para casa, bem tarde, para não ter de ver a família. E a casa tornou-se um corpo inóspito. Que gira, cada vez para mais longe...um cometa perdido!

"As coisas são o que são", põe-se o oliveira a matutar...mas a dúvida instala-se e não tem solução fácil; afinal porque gira ele todos os dias, de volta para aquela sina ordinária?


Porque "as coisas são o que são", nem vale a pena entendê-las, cada um gira como pode. O Oliveira não é inconsequente; sabe que tem de bulir, naquele giratório, para pagar as contas de casa; a luz, o carro, a casa... e uma infinidade de escravaturas que nos consomem, a nós, habitantes deste planeta giratório.



O que é certo, pensa o Oliveira, é que tem de girar, como a terra tem de rodar em roda do sol porque "as coisas são o que são". É este o seu derradeiro sentido da vida. Ele tem de girar, sem brilho, para ter uma casa. Onde chega bem tarde todas as noites.



A vida é um conceito multifacetado. Pode referir-se ao processo em curso, do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço de tempo entre o nascimento e a morte dum organismo; à condição duma entidade que nasceu e ainda não morreu; ou é aquilo que faz com que um ser vivo esteja… vivo?



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Porque o AR é à Borla

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A vida sempre foi tema muito mal explicado. Fecho os olhos e vejo, porque sou feito de teias complexas.Mas quais os segredos deste deste brilho, cristal,do SER?Mas e como vai ser ?E quando não houver luz?O que vou ser? Desenhos? Fotos? Movimentos? Poemas simples? Ou tempo?